segunda-feira, 10 de maio de 2021

POEMA DO NADA


Ontem, já noite de pijama,

deu-me para escrever um poema a partir do nada.

Meio acordado, deitado na cama,

confesso que não lhe achei grande piada.

 

Levantei-me, que a poesia assim obriga

e adora ser apaparicada,

meti qualquer coisa na barriga,

voltando depois à empreitada.

 

O qualquer coisa que é nada

(como bem sabeis) deu-lhe para tomar jeito

e já rompia a madrugada

quando concluí: nada feito!

 

Perguntam-me: se nada fiz, porque partilho,

mas tudo tem a sua razão de ser:

livro-me deste peculiar espartilho,

e de vós terei um deixa lá, vamos lá ver.


 

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