terça-feira, 10 de março de 2020

MEMÓRIA DO CASTANHEIRO


Se ainda fosse rapaz novo perdia cautelas e medos,
e ia agora trepar ao velho castanheiro.
Descalço, tronco acima, e com o pau de dois dedos
segar os ouriços. Caídos ao chão
haveriam de abrir-se em dois e libertar o fruto,
que a mãe natureza mantinha em cativeiro.
Se fosse rapaz novo, mas já não:
apenas escrevo a saudade de quando era puto.