Ontem
encontrei Alberto Caeiro.
O
seu ar inspirava compaixão, pesado;
e,
ao mesmo tempo, olhava
com
imperceptível amor por todos
os
que por ele passavam – um amor à vida.
Os
olhos ardiam-lhe, quase em chama.
Lia
Cesário Verde e as lágrimas
corriam-lhe
como a uma criança.
Arrastava
os versos do mesmo modo,
parecendo
carregar os últimos cestos
da
vindima onde Cesário
tossia
do princípio ao fim.
Não
reparou em mim e ainda bem:
não
iria dizer-me nada que eu não soubesse já;
nem
as suas lágrimas
seriam
mais verdadeiras do que os meus versos.