Seda, cambraia, brocado
Podem mudar-te a feição
Mas o que levas trajado
Não te veste o coração.
Batem com a mão no peito
Dizendo-se bons cristãos
Para tirarem proveito
E pecar com as duas mãos.
São contra os toiros de morte
Por vaidade ou por capricho
Mas não desdenham da sorte
De um bom bife do bicho.
Tudo em fila no pelotão
Pedalando na bicicleta
Haja quem dê um esticão,
E chegue primeiro à meta.
Tanta pressa, tanta pressa,
A vida sempre a correr,
Até que um dia tropeça
Sem ter pressa p’ra morrer.