O Sol e as nuvens brancas
choram, à vez, no rio da minha terra,
o anunciado inverno.
Eu soletro mágoa e digo lágrima;
soletro ave e digo pena…
Água de algum lugar chove em mim,
deixando-me sem palavras enxutas.
O Sol e as nuvens brancas
choram, à vez, no rio da minha terra,
o anunciado inverno.
Eu soletro mágoa e digo lágrima;
soletro ave e digo pena…
Água de algum lugar chove em mim,
deixando-me sem palavras enxutas.
Com o tempo sucumbem os versos quebradiços,
mesmo os que antes giravam em carrossel,
são agora memórias, talvez reais, submissos,
e tresandam a tinta e a folhas de papel.
Mudam os tempos dos verbos para os passados,
que os há também actuais, sobreviventes
à custa do garimpo e da salvação dos mal-amados
versos que um dia foram chatos, impertinentes.
Não há meio de conseguir uma conciliação
e os versos, felizes com a escolha, é o que penso,
assomam às folhas perdidas, de aluvião,
cuidando confundir-me, quais carvões de incenso,
mais não podem que uma tremenda confusão,
há tanto tempo perdidos, nem eu a eles pertenço.
São elas, mais do que as nozes, as vozes:
a noz da guerra, não parte, rebenta, ai de nós.
A noz da fome, dura de roer a quem a come;
a quem a tome e não consome tem outro nome.
Sobra uma terceira noz, noz como nós, basta vê-la
e surge, de viva voz, o desejo. Apetece comê-la.