sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

PALAVRAS



Soletro devagar a palavra frágua
e gosto do que me chega ao ouvido,
capaz de incendiar toda a mágoa,
se o fogo fizer algum sentido.

Escrevo a palavra lume e apago-a,
queima-me os dedos, a tinta ferve,
uma tempestade num copo d’água,
apenas isso, para mais não serve.

São afinal palavras, nada mais…
Não sei que voltas dão, saem pela boca,
não passam de pequenos sinais
e o que demais trazem é coisa pouca.

Um grito, um pedido, um lamento…
Caem como as folhas; leva-as o vento.