Esperando a Primavera que não chega,
o melro afina o canto, tenta a sorte,
e enquanto ela não vem, não sossega,
vai cantando, vai fazendo a corte.
Traja solene, de preto e a rigor,
enérgico, de olhos brilhantes, astutos;
encharca-se, que é já muito o calor,
e entretanto vai debicando os frutos.
Quando serenar, cuidará dos haveres,
cioso, sem descanso ou intervalo.
São graciosos estes pequenos seres,
e nós somando Primaveras, mas deixá-lo.