Volto a estes pobres versos,
que se entranham na poalha
dos papeis onde estão imersos
como se fossem mortalha.
Vivos, asseguro que estão,
pois respiram ou, melhor dito,
arfam. Creio que é da solidão,
que deixa qualquer um aflito…
Puxo por eles. Como atrás disse,
são versos declinados, sem conteúdo,
nunca disseram nada que se ouvisse,
cuidando que ser verso é tudo.
Fui tentado mais uma vez
a deixá-los em repouso e sem stress.
Pensei: “como não há duas sem três
vamos ver o que acontece”.
Juntei-os aos demais dispersos,
fiz-lhes festas, dei-lhes carinhos
e concluí: o poeta é quem mima os versos
mas os poemas nascem sozinhos.