As letras, ai as letras, se pudesse lavrá-las,
podá-las, como seriam as palavras?
Soletram a pauta feitas pulgas, feitas putas
rodopiam nas esquinas mais sombrias
e depois saltam, as vadias,
no dorso das palavras indecisas.
Ai as letras, que me fogem das palavras
à procura de ditongos já proscritos e teimam,
a altas horas, que a exigência é das sílabas
tónicas, das rimas escorraçadas.
Quero uma palavra esdruxula, se plantada de raiz;
aguda se podada com preceito. As restantes
são palavras sem princípios, contagiadas de letras
vadias e sofrem de epidemias graves
e o texto não são versos, são frases apalavradas.