sexta-feira, 28 de agosto de 2015

SEGREDO DE POLICHINELO


Se contasse o que sei das ondas e do mar,
de tesouros, marés-cheias e mar sem fundo,
por certo ninguém iria acreditar,
que tais coisas habitam neste mundo.

A espuma das ondas, por exemplo,
que outro assombro há de tão exuberante?
E o outro mar, lá longe, quando o contemplo
já não sei se é ele ou se sou eu quem está distante.

É também essoutro de marinheiros sedentos
de mundos e mulheres virgens, que então havia
ou manigâncias da rosa dos ventos
e gritavam terra à vista debruçados nas vigias.

E dos peixes, quase todos os habitantes,
silenciosos companheiros no mar submersos,
que na água são poemas flutuantes
e não entendem nada de poesia nem de versos.

As águas são de sal e mareantes
e naufrágios, mas isso é outro problema.
O que há de mar é bom, que o digam os navegantes,
o resto são as ondas do poema.