Belgais, Escola da Mata, 2008. Foto Luís Silveira
Quem amanhece com o sol aos seus primeiros fios
de luz, não pode o dia inteiro levar com a mesma fé,
cuidando-se bravo marinheiro d’antanho, cuja maré
deixa a ver navios.
O sol quando desponta fere a vista mas dá vitalidade…
Porém, quando declina, abona tal angústia e moleza,
que às vezes, suponho ser capricho da natureza
ou coisas da idade.
Acordo, o esplendor do dia começa nesse instante,
e eu acedo como avezinha frágil e estremunhada
aos primeiros raios de sol, que ainda madrugada
já está de levante.
E, navegando, pensar que o meu caminho é navegar
nas ondas – que daí tirem o sentido todos os perversos –
pois que uma coisa sou eu e outra os meus versos,
sem nunca naufragar.
Dou de barato uma onda viva ou um mar crispado
por um instante de
deslumbre insigne ou simples ansiedade:
quero mais ao sol, à luz provada da vida e à claridade,
que da noite o céu estrelado.