Por que haveria de chover de forma tão copiosa
no dia que desembarquei em Augsburg,
vindo de Munique,
quarenta e quatro anos após a
morte de Bertolt Brecht?
No ramo, os cravos vermelhos
pendiam como lágrimas de choro
convulsivo
e as suas pétalas tingiram o
chão
já encharcado de outros prantos.
Dramatizo. Não era assim tanta
a chuva.
Não era Augsburg, não era
Brescht, não eram cravos
e muito menos chorando de forma
tão pouco digna.
O mais provável é não ter feito
esta viagem
nem este texto ser meu.
Toda a literatura de Brecht
grita dentro de mim.
Isso é verdade.
Isso é verdade.