Pobres
nuvens, estas que choram
compulsivamente
sobre as ruas,
já
de si cobertas de lágrimas.
Pobres
nuvens desfeitas
em
lágrimas desfeitas, sobre vidas também desfeitas.
Encharcadas
até aos ossos
de
água e sonhos
que
escorrem na valeta, por esta ordem,
e
pela ordem inversa
quando
o ofício é osso duro de roer.
A
verdade é que as nuvens não cessam de chorar
as
lágrimas que já não temos
por
tudo o que nos molha
e
que afinal é chuva sem poesia alguma.