terça-feira, 13 de dezembro de 2011
RIO DE MIM
É uma ponte, de ponta a ponta, digamos assim,
que em verdade não obriga a coisa alguma:
metáfora para dizer o que não quero de mim,
e acenar do outro lado: adeus! Em suma,
é como passar de cá para lá sem ter passado,
que para o efeito é não ter feito coisa nenhuma,
ficando aqui inteiro a pensar no outro lado.
Mas se não passar; se não tiver atrevimento,
então terei deixado a imaginação à solta
e sem pressas ou demandas doutro elemento,
com vagar irei até lá ao fundo e dou a volta.
Pode ser que o forçoso rio, de ponta a ponta,
se assoreie e leve o que não faz cá falta
e eu, por fim, não tenha que fazer de conta.