terça-feira, 27 de dezembro de 2011

DE CASTELO BRANCO, CONFESSO


Não sei que razões teria em 1997/98 (não recordo exactamente é o que quero dizer) para escrever este texto tão patético e assonante:


Há por aí pedaços de sol e de mim virados do avesso
alfinetes d’ama outros nem tanto a baixo preço
alguns a mais e mais ainda no começo


e há vinho que é bom e eu não conheço
azeite do mais fino e também espesso
bofetadas que são bem dadas e beijos sem endereço


há sonos em que apenas finjo que adormeço
temperaturas em que ora aqueço
ora arrefeço
muito banho-maria confesso
e há causas de que nunca mais se abre processo


há estátuas de pedra de bronze e de gesso
mil caminhos alguns vales e um cabeço
há por aí pedaços de sol e de mim virados do avesso
e se não há polícia a esta esquina é porque o não mereço