Era de ondas curtas e enorme, o aparelho de rádio
que a todos mantinha em absoluto silêncio à hora das notícias.
Levava o seu tempo, o aquecimento das entranhas,
mas logo após, tudo tinha o seu encanto,
incluindo os ruídos das interferências,
as imprecisões da sintonia,
os interlúdios
e até a cobertura franzida de chita estampada,
convenientemente ajustada, e aberta à frente,
de modo a que se visse o mostrador e o ponteiro
que sinalizava a estação emissora.
O volume do som era normalmente baixo.
Os que padeciam de menor audição
sempre poderiam encostar o ouvido ao aparelho.
Era um bom rádio: a música sempre magnífica,
os folhetins dramáticos até às lágrimas,
como eram os bons folhetins,
e as notícias sempre verdadeiras
ou, pelo menos, nunca postas em causa.
O velho e enorme Ambassador
continua a fazer-me companhia, soberbo,
numa prateleira exclusiva,
ainda reconhece os mega hertz que lhe dão vida.
Quanto ao tamanho, na verdade, é bastante mais modesto.
Nós tivemos um "Siera", que nos vendeu o senhor Américo, que tinha loja ao lado do Ginjal.
ResponderEliminarMas em 58, era costume o velho Prata põr
o aparelho a pilhas no poial para a população ouvir.
Lembro-me ainda dos momentos publicitários e propagandísticos, como se tudo tivesse sido ontem.
Abraço
Arranjaste uma estranha modalidade de caixa de comentários. Não tenho a certeza de que apareça o que te enviei há momentos.
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