O amor por um tris
te de mim que o sei
o breve me iludiu
a vida duradoura de fio
a pavio que arde
mas não cura
futuro promissor e lim
bo que espera
sempre amanhã
e na arte de en
cantar vamos rindo
depois falaremos disso
O amor por um tris
te de mim que o sei
o breve me iludiu
a vida duradoura de fio
a pavio que arde
mas não cura
futuro promissor e lim
bo que espera
sempre amanhã
e na arte de en
cantar vamos rindo
depois falaremos disso
Prefiro o sono que não vem
quando é mais preciso, por cansaço;
não pelo fastio, no cúmulo, que é desdém,
e esse é favor que não quero e que não faço.
Espero por palavras desocupadas,
das que não se oferecem, ninguém dá por elas,
depois fazemos uma roda de mãos dadas
imitando uma constelação de estrelas.
Quando o sol, mais que perfeito,
aloira os campos ainda adormecidos,
chegam as palavras novas ao seu jeito
já com destinos traçados e limpas de resíduos.
É a hora do poema, da palavra átona, preguiçosa,
pouco mais que simples heresia.
E é a isso, a essa pérola preciosa,
que por hábito lhe chamamos poesia.
Os
teus olhos, melhor,
o
teu olhar
uma
lágrima
com
o arco-íris dentro
um
cravo vermelho
um
par de asas por estrear
e
outro par de brincos de cereja
o
teu olhar, já tinha dito?
beijos,
como novos, que não encontraram
os
lábios de destino
uma
gotinha d’água do Alentejo
uma
mesa de tripé com quatro pernas
para
não se confundir com as de cinco
trinta
folhas de amoreira
sobrantes
da última Primavera
dezenas
de gavinhas secas
que
por algum motivo fui juntando
e
o último suspiro de um cisne
guardado
numa campânula de vidro.
Gostava
de ter acrescentado os teus olhos,
melhor,
o teu olhar,
mas
esqueci-me.