Esta manhã tive um estranho encontro comigo,
como se não nos víssemos há anos.
Ou pior ainda, como se não nos conhecêssemos.
Era muito mais novo e tinha um sorriso tímido,
talvez duvidoso, a adivinhar o futuro.
Parti do princípio que a minha vantagem sobre ele
bastaria, excepto as pernas, que fraquejam agora,
mas isso não vinha a propósito.
Disse-lhe o que é costume nestes encontros:
Tens um aspecto magnífico, que fazes por aqui
e surpreendeu-me a sua resposta:
tenho estado onde me deixaste da última vez;
tens passado por mim ao longo dos anos
sem te aperceberes e agora, que as pálpebras
te vão pesando, queres abrir os olhos para mim
e demais memórias sem regresso nem remédio.
E a minha teimosia em viver vai caminhando
Inexoravelmente, até onde o Sol finge caminhar também
entre o céu raiado e o espelho do mar.