sexta-feira, 9 de abril de 2021

RIDÍCULOS


Houve um tempo em que todos

usávamos brilhantina e

ninguém se achava ridículo.

 

Afinal, o mundo não acabou,

nem por essa nem por outra razão,

mais ou menos ridícula.

 

Fumávamos cigarros mata-ratos

e o seu nome não nos dava nojo

nem sequer nos parecia ridículo.

 

Os escudos dos primeiros ordenados

eram miseráveis e ridículos

tal como hoje os empregos e os euros.

 

As valentes palmadas que levávamos

pelas aventuras mais ridículas,

nunca saberemos o efeito que tiveram.

 

Lembramos hoje, tão bem, o ridículo

dos primeiros beijos não familiares

e sentimos amargos de boca.

 

O ridículo nunca se toma por presente

e nós, que um dia o fomos sem saber,

somos ridículos agora que o sabemos.