terça-feira, 18 de outubro de 2016

PINTOR DE PALAVRAS



A palavra cinzento mata devagar
e a vermelho lembra hemorragia;
a palavra preto dá claustrofobia,
não adianta pintá-la, falta-me o ar.

A palavra amarelo pouco me rala:
tanto me faz que exista, como não;
já a palavra verde lembra-me o pão
e a azul entranha-se como uma bala.

Quase todas me servem de bengalas:
o branco e o lilás para dormir a sesta,
as demais uso-as uma vez por festa…
Palavra que me apetece pintá-las.