O gato branco brilha no escuro
da noite empoleirado no muro
é, por si só, apenas um gato.
Mesmo que o gato fosse preto
(sendo embora branco, é um facto)
seria um gato e não um amuleto.
Porém o gato é branco como o luar
e por não ser preto não dá azar.
Preto é o tempo, a noite lá fora
e o azar não está no gato galdério.
Antes que o gato se vá embora
temos de resolver
este mistério.
Se o gato fosse preto, que mal fazia
e o branco fosse agora a luz do dia?
Tudo seria igual ou então parecido.
Pior era se o gato preto, por capricho,
se deitasse à noite escura, sem luar:
ninguém daria razão do pobre bicho
e não haveria nem gato, nem azar.