sábado, 19 de julho de 2014

SOBRE AS ÁGUAS



Escrevo sobre a espuma das águas,
o impulso é natural e imutável.
Recuso a rima, as mágoas, prefiro a dor,
que é mais persistente, inalterável…

Escrevo na água, disse, efémero,
como bicho esgravatando imprevistos,
ao ponto de encontrar coisas do género:
sal, almas ocultas ou anticristos.

Mas todo o descoberto é natureza
consabida ou agora pronta a despontar.
Se nada for é pelo menos impureza,
que em nada impede o mar de ser mar.