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100.000 visitas, para um blogue de poesia, com a
“agravante” de os textos serem todos da minha autoria, não me parece nada mau…
O poema que hoje divulgo (As Coisas Simples), evocando um
passado sem grande sobressalto,
não é mais do que a metáfora do tempo que vai passando
sem muitas vezes darmos conta, mas que passa inexorável, como passaram as cem
mil visitas em Corpo de Poema.
Obrigado a Todos.
A gasta varanda de ferro forjado persiste
desde o tempo em que, debruçado no peitoril,
deixava o gato adormecido (já não existe),
aproveitando o último raio de sol primaveril.
Na alameda, a mesma gente, vista de cima,
gente a quem raramente desvendava o rosto,
quase sempre à pressa, quase sempre anónima,
sem nunca saber se sorria, se o seu oposto.
À vezes ladravam cães para desassossego
do bichano: abria um olho e, persentindo-me ao pé,
tornava silencioso ao morno aconchego
sem qualquer necessidade de ir dar fé.
Não faziam falta as horas porque eu nada esperava;
via passar todo o tempo, toda a gente num frenesim
e eu (e o gato) debruçado na varanda imaginava
que o tempo, visto de cima, não passaria por mim…